Typographia Gonçalves, Lisboa, s/d (1916). In-12º de XV-332-(1) págs. Encadernação editorial em percalina com ornatos e dizeres "dourados" gravados e lombada, com retrato de Camões em medalhão circular na pasta anterior, esta com pequenas manchinhas de humidade. Ilustrado com 14 gravuras (13 de Camões + 1 retarto de Carvalho Monteiro) sobre folhas de papel couché em extra texto. Dourado por folhas. Apresenta na folha de guarda e ante-rosto, colado em cada uma, um selo da emissão dos CTT, comemorativo dos 400 anos do nascimento de Camões. Cada canto é rematado com "artísticos frisos ornamentaes".
Prefácio de Olimpio Cesar que ocupa as primeiras 15 páginas.
INVULGAR
Prefácio de Olímpio Cesár, que ocupa as primeiras 15 páqginas, pseudónimo de Eduardo Metzner (1886-1922), que foi expoente da corrente vitalista do neo-romantismo português, poeta, jornalista e um panfletário na tradição de Gomes Leal, Fialho de Almeida e Guerra Junqueiro. Internado na Real Casa Pia de Lisboa, na sequência da morte do pai, daí transitou para o seminário de Coimbra de onde fugiria vindo para Lisboa, cidade onde fez nome por via da poesia que editava e visava o derrube da monarquia. Perseguido, preso e caluniado, o Eduardo Metzner cumpriria a vida num ímpeto de revolta e de procura de justiça que o levaria a ser um dos primeiros defensores da revolução russa dos sovietes em Portugal e a de estar, em Março de 1921, entre os fundadores e dirigentes do Partido Comunista (Secção Portuguesa da Internacional Comunista). " ... A devoção por Camões foi uma constante da vida de Eduardo Metzner que ao Poeta dedicou muito do seu tempo e estudo. Sempre considerou ser a Bíblia da Pátria, o catecismo cívico da raça portuguesa, o poema épico Os Lusíadas. No prefácio de A Epopeia Nacional – Os Lusíadas, Metzner declara Camões como medium da alma portuguesa e que quem pretender subjugar a nossa querida Pátria, há-de primeiro rasgar, até à última página, o poema imortal dos Lusíadas (p. XI), adiantando que se deveria fazer das estâncias da nossa epopeia o evangelho do momento (p. XV). (...) Por outro lado, num registo mais informal, mas não menos genuíno de culto a Camões, há referências a uma detenção de Metzner por este se ter descalçado e escalado a estátua de Camões, no largo do mesmo nome, em Lisboa, para na cabeça do autor de Os Lusíadas colocar uma coroa de louros ...". (Gabriel Rui Silva, in A IDEIA, 2025)
Quanto à omissão da data de publicação, o periódico A Folha de Villa Verde (de 27 de Agosto de 1916) quando da publicação do livro, refere-se à novidade editorial como tendo sido "acabado de se pôr à venda", correspondendo uma edição de luxo em formato bijou ricamente encadernada em percalina e folhas douradas.
As ilustrações têm como título:
1) Retrato de Luiz de Camões;
2) Camões salvando os Lusíadas;
3) Camões na gruta de Macau;
4) Venus intercede junto de Júpiter pelos portuguezes;
5) O rei de Melinde recebe Vasco da Gama;
6) Assassínio de D. Ignez de Castro;
7) O velho do Restelo;
8) O gigante Adamastor;
9) Baccho e Júpiter;
10) Catual acolhe amigavelmente Vasco da Gama;
11) Audiência do Samoriíu a Vasco da Gama;
12) A coroação do poeta;
13) D. Manoel I, o Venturoso, dando audiência a Vasco da Gama.