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Officina de Filippe da Silva e Azevedo, Lisboa, 1785. In-8º de (18)-287 págs. Enc.
Encadernação coeva inteira de carneira mosqueada. Impressão nítida sobre papel de boa qualidade, preservando a sonoridade original. Bonitas letras capitulares xilográficas e cabeções tipográficos de enfeite. Carimbo heráldico de posse, a óleo, no frontispício. Canto inferior com falha de papel sem afectar a mancha tipográfica. Imperceptível trabalho de traça, junto à lombada, das páginas 59 a 84, sem qualquer prejuízo da mancha tipográfica. Etiqueta de ordem de biblioteca à cabeça da lombada. Canto inferior direito com ligeira falta de pele.
Trata-se da PRIMEIRA OBRA publicada em Portugal pelo PRIMEIRO FEMINISTA PORTUGUÊS (séc. XVI), e aqui que se apresenta em segunda edição. Constitui também a primeira obra na história da tipografia portuguesa publicado por um açoriano.
Ávila Perez, 3346 (considera RARA)
Catálogo dos impressos de tipografia portuguesa do século XVI: a colecção da Biblioteca Nacional, nº 298.
Inocêncio VII, 189.
A obra encontra-se omissa nas restantes bibliografias consultadas. Conhecem-se exemplares desta segunda edição, na Biblioteca Nacional e na Biblioteca João Paulo II (UCP).
Em Inocêncio lemos o seguinte:
" ... Ruy Gonçalves licenciado em Direito Civil, e Lente de Instituto na Universidade de Coimbra, de que tomou posse a 27 de Outubro de 1539. Foi depois em Lisboa Advogado da Casa da Supplicação. - N. na ilha de S. Miguel; porém são ignoradas as datas do seu nascimento e obito. Alguns o nomeiam Ruy Gonçalves da Grã. (...) Esta segunda edição, na qual se conservou a propria orthographia da primeira, realisou- se por diligencia de J. A..., presbytero secular, e é precedida de um extenso prologo do editor. Foi este tractado dedicado pelo auctor á rainha D. Catharina, a quem elle endereça grandes elogios, e entre outras cousas lhe diz: « que ella ajudava muito com o seu conselho a el- rei em todos os despachos, assignando perdões, e outras cousas importantes á administração da justiça ...".
Sobre o autor quase nada se sabe. Segundo Elisa Maria Lopes da Costa, apresentadora da edição fac-similada da obra de Rui Gonçalves, publicada pela Biblioteca Nacional (1993) o autor era natural da Ilha de São Miguel, tendo se licenciado em Direito Civil pela Universidade de Coimbra. Somente em 1539, é que surge uma primeira data a ele ligada a com a noemação de lente da Instituição. Segundo o próprio autor, na última prerrogativa do seu livro, no ano em que este é impresso ele exercia advocacia na Casa de Suplicação em Lisboa. Sequer o ano de sua morte é referido em qualquer documento.
Na Enciclopédia Açoriana, obtemos a seguinte entrada:
" ... Rui Gonçalves, (n. ilha de S. Miguel, séc. XVI) alguns lhe chamam R. G. da Grã, mas pouco se sabe da sua biografia além de que foi licenciado em Direito Civil e nomeado lente de Instituta na Universidade de Coimbra, com posse a 27.10.1539. É controversa a universidade onde se tenha licenciado, mas é provável tê-lo sido em Lisboa, nos Estudos Gerais que ai estiveram até 1537. Não consta da lista dos lentes de Coimbra formados em universidades estrangeiras e a recente biógrafa, Elisa Lopes da Costa, ao dizê-lo licenciado pela Universidade de Coimbra não apresenta qualquer documento. Não se manteve muito tempo na docência em Coimbra, onde foi também lente de Digestus, pois regressou a Lisboa onde se fez advogado da Casa da Suplicação. Sabemos que foi pai do poeta novilatino Pedro Fernandes que escreveu dois pequenos poemas de homenagem ao pai e editados no livro do progenitor. Foi o primeiro açoriano a publicar um trabalho, Privilégios e prerrogativas que o genero feminino tem por direito comum e Ordenações do Reino, mais que o genero masculino, impresso em Lisboa em 1557. Escreveu em vernáculo e não em latim, para que o vulgo o entendesse e dedicou o seu trabalho, que seria para uso dos alunos, à rainha D. Catarina, a quem elogia como a melhor soberana. A obra consta de duas partes, a primeira trata das nove virtudes, nas quais as mulheres são iguais ou superiores aos homens, dando exemplos. A segunda tem por base a vontade de demonstrar a igualdade entre homens e mulheres e contempla os privilégios e as prerrogativas, que a legislação atribui ao género feminino. Fica, assim, na história como o primeiro autor nacional a defender a igualdade dos sexos e por muito tempo um caso isolado e singular. Da sua obra na edição do século XVI, que desde cedo despertou o interesse dos bibliófilos, conhecem-se hoje 11 exemplares, nenhum deles em bibliotecas açorianas. No século XVIII foi feita uma 2ª edição, datada de 1785, dedicada esta por J. A., capelão real, à rainha D. Maria I. ... "