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Edições Lusitana, Lisboa, 1920. In-8º de LXXII págs. Enc.
Encadernação, assinada Frederico d'Almeida, meia francesa em pele castanha escura com cantos. Dizeres dourados na lombada. Conserva as capas de brochura (sem badanas) com ligeiros e insignificantes picos de acidez. Exemplar em muito bom estado de conservação. Aparado e carminado à cabeça. Restantes margens intactas e desencontradas.
Obra considerada de referência da história da literatrura portuguesa do séc. XX.
PRIMEIRA EDIÇÃO, JÁ BASTANTE RARA NO MERCADO.
Primeira da única obra poética de Camilo Pessanha publicada em vida sob a responsabilidade do filho de Anna de Castro Osório, o poeta João de Castro Osório que a soube salvar, recolher e publicar. Leia-se o que JCO escreveu na segunda edição de Clepsidra, publicada em 1945 " ... e realmente é èle que, melhor do que nenhum outro, mostra o mundo interior, cheio de virtualidades imensas, que, de tão vivido em sonho, só por milagre da admi ração que despertou pôde salvar-se e existir hoje como um dos mais belos Poemas da língua portuguesa ...". Mais adiante, vinte e quatro anos depois, escreve de novo, na Introdução crítico-bobliogáfica da edição de Clepsidra e Outros Poemas (Ática, 1969): " (...) Inexplicável e tristemente, ninguém, antes, sequer tentara esta obra de recolha e preservação dos seus Poemas, não obstante ele os ceder generosamente, se lhos pediam, como autógrafo a guardar, ou para publicação em algum periódico. E no entanto, o acolhimento imediato, agradecido e entusiasta, que obteve o meu pedido, clàramente demonstra quanto algumas simples dedicações de tantos indivíduos que com o Poeta, mais ou menos íntima e longamente, conviveram, no decurso de três ou quatro décadas, poderiam ter contribuído para a completa recolha das suas Obras, e até para mais vasta realização, em especial no campo, de enorme valor, das traduções poéticas da Literatura Chinesa ..."
Na obra poética de Pessanha, são visíveis os quatro grandes temas característicos do simbolismo: a dor, a solidão, a morte e a fuga para o nada. O termo decadência encontra-se presente no pessimismo de Pessanha, na sua angústia e saudosismo. Esta corrente reage contra o materialismo, procurando a espiritualidade, a imaginação e o ideal. Na sua escassez material, Clepsidra é o fruto mais puro e ponderado do simbolismo português, marcou uma posição nunca suplantada por nenhum dos outros poetas simbolistas, e pode ser colocado ao lado dos grandes simbolistas europeus. Os seus poemas influenciaram largamente a geração modernista de Orpheu, desde Mário de Sá-Carneiro até Fernando Pessoa e mesmo de outros poetas mais contemporâneos.